ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE A ORAÇÃO PELAS VOCAÇÕES
Pela graça de Deus tive uma avó, uma mãe e uma irmã que rezaram incansavelmente pela vocações. As lembranças sombrias que tenho de minha avó, que participava diariamente da Santa Missa, me lembram o desejo ardente que ela tinha de que Deus concedesse a um de seus filhos a graça da vocação.
Lembro-me de minha mãe, que me falou e transmitiu o valor e grande dignidade do Sacerdócio, uma Dignidade que ela defendeu ardentemente dos ataques imprudentes de seus amigos e vizinhos. Esta Mãe que amava o Sacerdócio sem dúvida no mais profundo de suas orações desejou que um de seus filhos, Deus lhe concedesse a graça da vocação ao Sacerdócio, ela chorou incansavelmente, eu disse, Mãe, mas por que você está chorando, você sempre me falou sobre a grande dignidade do Sacerdócio. Ela me respondeu, não me lembro exatamente das palavras, mas a ideia era mais ou menos essa – eu sei, mas tenho sentimentos contraditórios, uma flor de tristeza porque você vai nos deixar, e também de alegria por sua ligação. Até o dia de hoje, sempre que falo com ela, pergunto como ela está, ela me responde com muita dor mas ofereço tudo por você e pela conversão dos pecadores.
E sem dúvida, minha irmã religiosa que fez uma toda a congregação reza pedindo a vocação para o sacerdócio e o instituto de seu irmão.
Por isso conheço pessoalmente o poder da oração pelas vocações, seu desenvolvimento e sua perseverança, e agradeço a Deus e a cada um de vocês por cada uma de suas orações.
Neste breve texto, quero apresentar algumas reflexões sobre os fundamentos e consequências da oração pelas vocações. Principalmente seguindo o pensamento de São João Paulo II, sobre este tema.
1) A primeira coisa que devemos analisar em relação à oração pelas vocações é o seu fundamento Disse São João Paulo; “É muito evidente porque o primeiro e principal compromisso a favor das vocações não pode ser
senão a oração: “A messe é grande e os trabalhadores são poucos. Reze, então, ao dono da messe que envie trabalhadores para a sua messe” (Mt 37-38; cf. Le 10, 2) e o Santo Padre afirmou: A oração pelas vocações não é nem pode ser fruto da resignação , como se pensássemos que já fizemos todo o possível pelas vocações, com pouquíssimos resultados, e que, portanto, não temos escolha a não ser rezar. Com efeito, a oração não é uma espécie de delegação ao Senhor para que ele aja em nosso lugar Pelo contrário, significa confiar nele para nos colocarmos em suas mãos, o que, por sua vez, nos dá confiança e nos dispõe a realizar as obras de Deus.
É por isso que a oração pelas vocações é certamente tarefa de toda a comunidade cristã. O Santo Padre disse em outro lugar: «É realmente o próprio Deus, o “Dono da messe”, que escolhe seus trabalhadores, seu chamado é sempre imerecido e inesperado. Contudo, no mistério da aliança de Deus conosco, somos chamados a cooperar com a sua providência e a usar o poderoso instrumento que Ele colocou em nossas mãos: a oração. Dono da messe que envia trabalhadores para a sua messe’ (Mt 5,38).
O Santo Padre exorta assim uma associação dedicada à oração pelas festas a rezar, o que pode perfeitamente aplicar-se a cada um de vós: “Como membros, tendes empenhou-se de modo especial na promoção das vocações. Não esqueça que seu compromisso deve ser, antes de tudo, compromisso com a oração, uma oração constante, inabalável e cheia de confiança. A oração move o coração de Deus. É a chave poderosa para resolver a questão das vocações. Mas, ao mesmo tempo, a oração pelas vocações é também uma escola de vida, como sublinhei recentemente. Ao orar pelo vocações se aprende a olhar com sabedoria evangélica para o mundo e para as necessidades da vida e da salvação. Cada ser humano, além disso, vive a caridade e a compaixão de Cristo para com a humanidade.
2) Em segundo lugar, gostaria que analisássemos o admirável desenvolvimento, que deverá produzir o compromisso de Oração pelas Vocações. O santo padre, apresenta três consequências práticas do exercício da oração para as vocações.
Em primeiro lugar: “a oração deve ser acompanhada por toda uma pastoral que tenha um caráter claro e explícito de festa. Isso significa que, desde o momento em que nossas crianças e jovens começam a conhecer a Deus e a formar uma consciência moral, devemos ajudá-los a descobrir que a vida é uma vocação e que Deus chama alguns a segui-lo mais intimamente, em comunhão com Ele e dando um sim.
É por isso que o santo padre continua: as famílias cristãs têm uma grande e insubstituível missão e responsabilidade em relação às vocações, e é necessário ajudá-las a responder a elas de maneira consciente e generosa. De maneira análoga, a catequese e toda pastoral de iniciação cristã devem oferecer uma primeira proposta vocacional.
3) Nestas consequências da oração pelas vocações, vemos como o Santo Padre mostra a admirável expansão entre a relação interior pessoal e espiritual com Deus através da oração, que por sua vez, formará famílias fortes e saudáveis, onde aprenderão a viver de acordo com a verdade , na obediência à lei moral, no livre exercício da busca da vontade de Deus e no desejo geral de buscar seriamente a Santidade que, por sua vez, fará parte de comunidades eclesiais orantes, entusiastas e vivas. Nestes ambientes e com estas disposições interiores e exteriores, educadas e fruto da oração, a voz do Senhor será ouvida com maior força, com maior clareza e com maior ressonância na vida daqueles que Deus escolheu e para quem orou Além disso, proporcionará aos chamados os meios para uma dedicação total e generosa ao serviço dos frades.
Assim se expressou São João Paulo II: “Além de promover a oração pelas vocações, é urgente fazer um esforço, por meio do anúncio explícito e da catequese adequada, para favorecer nos chamados à vida consagrada a resposta livre, determinada e generosa que faz a graça da vocação” (Exortação Apostólica Pós-Sinodal Vita Consecrata, 64)
E na mensagem de São João Paulo II ao Cardeal Jean-Claude Turcotte que diz:
“Só uma comunidade cristã mais empenhada no caminho da santidade e mais determinada a afirmar o primado do sobrenatural e reconhecer na liturgia “o ápice e a fonte de todo o trabalho apostólico será capaz de suscitar o desejo e a alegria de entregar-se totalmente ao Senhor e de cultivar as sementes das vocações ao sacerdócio e à vida consagrada, que Jesus continua a semear no coração de tantos.
Além disso, o Santo Padre fala de uma realidade que admiro em muitos de vocês, que é aquele desejo ardente de que muito mais pessoas se unam à sua voz, para implorar a Deus que envie muitas e santas vocações. Assim disse o Santo Padre: “Além da oração, o trabalho de promoção vocacional também exige esforço constante, através do testemunho pessoal, chamar a atenção das pessoas para esta necessidade, para que o chamado de Deus seja verdadeiramente ouvido e encontre uma resposta generosa por parte daqueles a quem se dirige. Este é o objetivo de seus esforços para difundir uma autêntica cultura de vocações.”
Para concluir com estas reflexões, gostaria de terminar com uma exortação à oração pelas vocações do grande santo chileno, Santo Alberto Hurtado:
“Bem, como diz muito bem o Pe. Doncoeur: “Ainda não entendemos o suficiente que Deus pede a colaboração humana para o chamado e para a resposta”.
Como colaborar? A primeira colaboração é aquela que o Mestre nos ensinou explicitamente: ao “Pedi ao Senhor da messe, que mande trabalhadores para a colheita, porque a colheita é grande e os trabalhadores são poucos. A vocação sacerdotal é obra de Deus, pois como Nosso Senhor disse aos seus apóstolos: “Não fostes vós que me escolhestes, mas sim eu que vos escolhi.” Portanto, devemos pedir ao Mestre que multiplique suas graças e dê cada vez mais graças aos chamados para que se deixem escolher.
Portanto, uma verdadeira cruzada de orações públicas e privadas deve ser levantada sem interrupção em todo o nosso país; um verdadeiro clamor de orações nos centros da ação Católica, nas casas, nas escolas e nas comunidades religiosas. A oração pelas vocações debe ser rezada por todo cristão.
A primeira frase vocacional deve ser o Santo Sacrifício da Missa, acompanhado do nosso próprio sacrifício em união com a Vítima divina para que o seu sangue redima cada vez mais almas. Juntamente com a oração deve-se acrescentar a frequente pregação do que é o sacerdote, sua missão, a colaboração da família. Quantos jovens poderiam ser excelentes sacerdotes se lhes fosse aberto o campo de possibilidades e
entendessem que também podem ser sacerdotes!
Por fim, só me resta agradecer o seu trabalho titânico de oração pelas vocações. E imploro a Deus e Sua Santíssima Mãe de que cada uma de suas orações seja frutífera de muitas e santas vocações para cada uma de suas famílias.
Pe. Luis Geovanny Arbeláez Vargas, IVE.
Missionário na Rússia