Boletim – Junho 2021

Formação – O que é vocação?, Pe. Busuttil

EXAMINANDO UMA VOCAÇÃO

O QUE É? Para examiná-la, é necessário, antes de tudo, saber o que é.

É um ato de misterioso amor e predileção por parte de Jesus por uma alma que Ele chama para o sacerdócio ou para a vida religiosa.

A vocação é composta por estes três elementos:

1) Que o jovem tenha uma intenção correta, que consiste em estar convencido de que para ele, o estado religioso ou a vida sacerdotal o conduzirão melhor, mais perfeitamente e mais seguramente para a realização de seu objetivo final. Consequentemente, ele escolherá o estado religioso ou sacerdotal por razões sobrenaturais, e não por motivos de interesse material ou natural.

2º) Que ele seja adornado com aqueles dons intelectuais, morais e físicos necessários para o estado que ele deseja abraçar.

3º) Que ele seja admitido pelo superior da diocese ou religião em que deseja entrar.

Nada mais parece ser exigido pelo Direito Canônico que, no cânon 538, diz:

“Qualquer católico pode ser admitido à religião que esteja livre de impedimentos, que seja movido pela intenção correta e que esteja apto a satisfazer as obrigações da religião” (ou seja, que seja capaz de observar as regras, penitências e outros deveres).

A idoneidade do candidato é julgada por aqueles que têm o poder de admiti-lo na religião ou na diocese, ou seja, pelos superiores hierárquicos.

Não é, portanto, uma questão de sentimento, mas de compreensão com a compreensão, iluminada e elevada pela graça, que, para mim, com todos os meus defeitos, fraquezas, exigências, desejos espirituais, caráter e circunstâncias, a vida religiosa é a coisa mais adequada para me salvar, para ser santo ou para viver uma vida digna de ser vivida.

Podemos concluir afirmando que: a pessoa tem vocação quando está convencida (moralmente) de que a vida religiosa é a vida que melhor nos levará ao fim para o qual Deus nos criou, desde que tenhamos as condições exigidas e sejamos aceitos pelos superiores.

Outras condições, dotes necessários para aquele que quer se consagrar a Deus:

1) Dotes de inteligência: que ele seja capaz de fazer os estudos exigidos pela Ordem que ele quer abraçar. Uma inteligência comum pode ser suficiente; no máximo, pode ser pedido que ele esteja um pouco acima da mediocridade. Exigir mais não seria justo. Muitas vezes o bom senso comum vale mais do que muita inteligência.

2) Presentes de vontade: Não é necessário se concentrar exageradamente ou exclusivamente na inteligência. O mais importante é a vontade, a boa natureza do jovem, seu espírito de sacrifício, a força para superar a si mesmo, a vitória do respeito humano, docilidade na obediência, sincera estima por seu nada. Estas qualidades são um bom sinal de caráter sério: elas mostram um conjunto de maturidade espiritual que é uma garantia segura de perseverança e seriedade no futuro trabalho sacerdotal.

Se um jovem é dócil, tem vontade de estudar (mesmo que talvez seja difícil para ele), tem um bom caráter, é sincero, tem um verdadeiro espírito de oração, tem influência entre seus companheiros, sabe fazer apostolado, oferece sacrifícios a Deus e por sua vida espiritual, é puro… todos estes dons, reunidos em uma inteligência bastante medíocre, devem obter um excelente religioso.

Não é fácil fazer um julgamento exato da inteligência de um jovem de cerca de dezesseis anos de idade. Não é raro que sua inteligência ainda não esteja totalmente desenvolvida. Por outro lado, pode-se julgar a vontade com um pouco mais de certeza. Basta conhecer o menino, ouvir falar dele, vê-lo enquanto ele brinca ou faz as coisas comuns, para descobrir se sua personalidade é adequada.

3) Dons físicos: Em geral, pode-se dizer que uma saúde comum, ou seja, aquela de que gozam os jovens que “estão bem”, é suficiente. Não é necessária uma robustez muito especial, um controle absoluto dos nervos, uma natureza completamente livre de qualquer fraqueza física. Por mais saudável que seja, alguma pequena anomalia, alguma predisposição, algum defeito nas funções orgânicas, serão quase sempre encontrados.

O que deve ser bem cuidado é que o jovem não deve ser admitido se ele ainda não estiver bem desenvolvido não apenas fisicamente, mas também moralmente. Em outras palavras, é necessário que o jovem seja um jovem e não uma criança; que ele tenha um julgamento um pouco maduro, que dê uma verdadeira garantia de compreensão do passo que está dando e do que está renunciando. É necessário que ele compreenda quanta energia é capaz e que dê o passo conscientemente, não com os olhos fechados. Não quero dizer que ele conheça ou tenha experimentado o mal. A juventude não se manifesta apenas no pecado ou em certos impulsos perigosos, mas em muitas outras coisas que dão ao indivíduo mais animado uma certa seriedade e maturidade. Não se trata de uma questão de idade. Em alguns lugares, aos treze anos de idade, os meninos já são jovens: em outros da mesma região, porém, aos dezesseis anos de idade, ainda são crianças, tanto física como moralmente.

Esses jovens assim preparados saberão superar as tentações do Noviciado; compreenderão a importância desses anos de formação e poderão se formar pessoalmente; não se maravilharão com as deserções de outros companheiros; não serão artificiais ou externos em sua formação e certamente não sairão com aquela frase insípida em que aqueles que perderam sua vocação muitas vezes se refugiam: “Eu nunca tive vocação! Eu não sabia o que era uma vocação!

MAS NÃO BASTA: O que foi dito até agora não é suficiente para nos dar segurança em uma vocação.

É ainda necessário que ele, conhecendo seu estado e convencido da vontade de Deus, sustentado pela graça divina, livre e conscientemente com um ato de vontade, diga: “Eu quero!

Jesus não se impõe pela força, mas quer voluntários, Ele quer pessoas generosas que O seguem por amor e não pela força ou porque não podem fazer o contrário.

Aquele que trabalha pelas vocações deve sempre ter o cuidado de não influenciar diretamente a vontade do jovem. Ele pode esclarecê-lo, remover as dificuldades que surgem de qualquer erro de julgamento, guiá-lo passo a passo durante todo o período de sua decisão, mas no ponto decisivo, o jovem deve permanecer sozinho com Deus. Ele deve ter a convicção de que é ele quem decide, que ele deve sua vocação somente a Deus e à sua vontade. Assim, será sua vocação, não a vocação do Pai e da Mãe ou do Irmão e da Mãe.

A oração do Cardeal Mercier

Jesus, eterno Pastor de almas, escutai a oração que vos dirigimos pelos sacerdotes. Para eles você sente o amor mais afetuoso e delicado de seu Coração, aquele amor profundo no qual todos os laços íntimos que o unem às almas parecem estar unidos.

Olhe com misericórdia para toda essa multidão de almas ignorantes, para as quais o padre deve ser uma luz; para todos aqueles escravos do trabalho, que procuram alguém para libertá-los do engano e para salvá-los em seu nome.

Pense em todas essas crianças, em todos esses jovens, que procuram um guia capaz de levá-los até você.

Pense, Senhor, em tantas criaturas que sofrem e precisam de um coração que as console e as conduza ao seu Coração.

Pense em todas as almas que poderiam alcançar a perfeição se encontrassem no caminho a ajuda de um padre santo.

Concedei que vossos padres possam conduzir a vós toda esta humanidade que sucumbe à fraqueza, para que toda a terra se renove, a Igreja se exalte e o reino de vosso divino Coração se estabeleça em paz.

Ó Virgem Imaculada Mãe do eterno sacerdote, que teve João, o amado sacerdote de Jesus, como primeiro filho adotivo, e que, no Cenáculo, presidiu como Rainha a reunião dos Apóstolos, obtenha para a Igreja de seu Filho um contínuo Pentecostes, incessantemente renovado. Que assim seja.

Oração: Coração de Jesus, Vós que instituíste o sacerdócio católico na noite da ceia, como expressão e fruto de Vosso imenso e gentil amor, concedei que possamos dar sacerdotes que, como Vós, amam as almas, os pobres e a Cruz; sacerdotes que, seguindo Vosso exemplo, possam ir fazendo o bem onde quer que vão, e semear entre os homens a paz e o perdão dos pecados.

Coração Amado de Jesus, dignai-vos a ouvir a fervorosa oração com que seu povo pede a santificação de seus pastores. Coração cheio de amor, ensine-os a te amar como você deseja; faça-os santos, imaculados, prudentes, sábios. Faça-os fazer tudo para todos, de acordo com seu exemplo.

Eles são os guardiães de seu Corpo e Sangue sagrado; faça-os, portanto, fiéis a uma carga tão santa; incuta neles a reverência devida a seu Corpo, e uma sede ardente por seu Sangue, para que, provando sua doçura, possam ser satisfeitos, fortalecidos e purificados no fogo do amor divino.

Aceite, Senhor Jesus, nossas humildes súplicas; olhe com seus olhos divinos do céu para seus sacerdotes; encha-os de ardente zelo pela conversão dos pecadores; mantenha imaculadas essas mãos ungidas que diariamente tocam seu Corpo imaculado; sela com santidade aqueles lábios manchados com teu precioso Sangue; mantém puro e sobre-humano aquele coração marcado com o sinal glorioso de teu sublime sacerdócio; abençoa seus trabalhos com frutos abundantes, e faz com que todos aqueles para quem trabalham na terra, sejam um dia sua alegria e sua coroa no céu.

Coração eucarístico de Jesus, modelo de corações sacerdotais, concedei-nos padres santos!

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