Boletim Agosto 2022

Agradecimento

Pedi ao Senhor da messe que envie operários (Mt 9,38)

Saíam eles todavía, quando lhe apresentaram um mudo endemoniado. E expulsando o demonio, o mudo voltou a falar. E o povo, admirado, dizia: «Jamais se viu cosia igual em Israel». Mas os fariseus diziam: «Pelo Príncipe dos demônios expulsa os demônios».

Jesus percorria todas as cidades e aldeias, ensinando em suas sinagogas, proclamando a Boa Nova do Reino e curando todas as doenças e enfermidades. E, vendo a multidão, compadeceu-se deles, porque estavam cansados e abatidos como ovelhas sem pastor. Então ele disse aos seus discípulos: “A messe é grande e os trabalhadores são poucos. Rogai, pois, ao Senhor da messe que envie trabalhadores para a sua messe». (Mt 9,33- 38).

Este texto do Evangelho de São Mateus, precede imediatamente o primeiro envio que Jesus faz de seus apóstolos em missão, dando-lhes “poder sobre todos os espíritos imundos para expulsá-los e curar todas as doenças e enfermidades” (Mt 10,1). Deixamos de lado nesta homilia a primeira parte do texto: o exorcismo de um endemoniado mudo, que ao ser exorcizado começou a falar… e a incompreensão e inveja dos fariseus, incapazes de se converter diante de tão extraordinário sinal… as pessoas se admiravam e diziam “nada como se viu em Israel”. Basta dizer que esse milagre de Jesus, no qual mostra seu poder sobre os demônios, prepara o que segue na narrativa, o envio dos apóstolos, para o qual Jesus lhes comunica seu poder de exorcizar demônios e curar. Poder que, através dos apóstolos, especialmente na transmissão do sacerdócio católico, a Igreja e os ministros da Igreja também têm hoje.

Para nossos propósitos, interessa-nos mais a segunda parte do texto, na qual Jesus, percorrendo aldeias e sinagogas, cura “toda doença” e “toda doença” (poder que, como dissemos, ele também dá aos apóstolos no texto que segue), e pena do povo que está “cansado e abatido”, porque é “como ovelhas sem pastor”. E então Jesus ordena que se peça a Deus que envie trabalhadores para “sua colheita”, isto é, que envie ministros ao campo do mundo, para que trabalhem pelo bem das almas.

Este texto fala-nos então do primeiro ministério vocacional que deve ser feito, aquele que o próprio Jesus nos ensinou e nos mandou fazer: rezar pelas vocações, pedir ao dono da messe (Deus) que envie trabalhadores para trabalhar na sua messe . . Com este mandato, o Senhor garante-nos também a eficácia desta oração, porque é uma oração para o bem da Igreja e para o bem das almas, uma oração que Ele ouve sempre. Mas vamos dar uma olhada no texto.

– Jesus “se compadece das pessoas… porque são como ovelhas sem pastor”. A compaixão de Jesus é o que o levou a encarnar-se, a tornar-se homem, a vir redimir os homens. Aquela compaixão que Zacarias, pai de São João Batista, canta lindamente no Benedictus, quando nasce o precursor de Jesus: “pela misericórdia de Deus, um sol nascente do alto nos visitará…” (Lc 1 ,78) “um poderoso salvador” (Lc 1,69). Mencionando as entranhas da misericórdia de Deus, que é o amor, como ensina São João em sua primeira carta. “Deus é amor” (1 Jo 4,8.16).

– Por causa desse amor carinhoso de Deus, o primeiro que foi enviado para pastorear as ovelhas e guiá-las para os pastos seguros do céu, foi o próprio Jesus. Ele veio como Pastor das ovelhas, como “grande Pastor” (mégas, diz o texto grego, grande), como o chama São Paulo (Hb 3,20). E ele nos mostrou como ser um bom pastor: dando a vida pelas ovelhas. Ele dirá: “Eu sou o bom pastor. O Bom Pastor dá a vida pelas ovelhas” (Jo 10,11). E ele o dá livremente: “ninguém o tira de mim, mas eu mesmo dou. Eu tenho o poder de dar e o poder de tomá-lo de volta” (Jo 10,18). Mostrando assim que o maior amor é o amor que chega ao ponto de morrer por quem ama, de dar a vida por quem ama. De fato, ele mesmo dirá mais tarde, na Última Ceia: “não há amor maior do que dar a vida pelos amigos” (Jo 15,13).

– Este bom pastor, enviado por seu Pai para dar a sua vida em sacrifício por nós, quer que os outros façam o mesmo que Ele. Quer associar os outros à sua mesma missão redentora. Então escolha, ligue. E escolha sempre, chame sempre, em todos os momentos, para que na sua Igreja não faltem bons pastores, dispostos a dar a vida pelas ovelhas. Ele escolheu primeiro os apóstolos e outros discípulos, e os enviou dizendo: “Assim como o Pai me enviou, também eu vos envio” (Jo 20,21). Ou seja, ele os envia dando-lhes tudo o que é necessário para a missão, como o Pai lhe deu tudo o que é necessário para a missão já na geração eterna do Verbo. Mas também nos envia com o mesmo propósito: ensinar e fazer o bem a todos (cf. Mt 28,19-20). E nos dando a modalidade concreta dizendo que somos enviados da mesma forma que Ele, ou seja, para dar a vida pelas ovelhas.

Admirável vocação tão combatida em nossos dias! Porque o inimigo sabe que nada pode fazer contra o poder dos sacerdotes, pois é o mesmo poder de Cristo, e eles o receberam de Cristo. Então ele faz de tudo para distanciar os homens do padre… através da calúnia, difamação, descrédito… Hoje basta abrir um jornal, uma página na web, ou ouvir um rádio para perceber isso!

E, no entanto, quão grande é o padre! Os santos sacerdotes são a flor da humanidade, os grandes benfeitores da humanidade, que silenciosamente se oferecem pela salvação das almas. Que Deus envie muitos sacerdotes santos à sua Igreja. E para isso, cabe-nos rezar muito, segundo o mandato do Senhor: “rogai ao dono da messe que envie mais trabalhadores para a sua messe”. Este é o primeiro e mais fundamental ministério vocacional! Porque quem envia os trabalhadores para a sua messe é Deus: só Ele chama, e nós temos que lhe pedir essa graça.

Mas também é preciso fazer mais. Digo apenas isto: assim como o mundo fala mal dos sacerdotes porque quer afastar as pessoas das fontes da graça, temos que fazer o contrário. Tenha grande caridade com nossos sacerdotes e fale bem deles. Particularmente diante de crianças e jovens, para que cresçam amando-os e amando nossa fé.

A esse respeito, João Paulo I, que em breve será beatificado, disse antes de se tornar Papa, falando da força do ambiente em que se cresce: “Você tem filhos de quatro ou cinco anos em sua família que falam fluentemente? Sim? Como aconteceu? Você os teve em casa, eles o viram continuamente, ouviram você, responderam às suas perguntas e agora falam sem perguntar por que ou como. Bem, você quer que eles aprendam a orar e a serem mansos também? Faça-os ver em casa pais, irmãos e avós que oram, que se amam, que sorriem, que enfrentam com bom ânimo os sacrifícios de cada dia. Faça os móveis, os quadros, os livros, as revistas, reflitam o espírito refinado e religioso de quem dirige a casa. Cada um desses elementos atuará minuto após minuto, durante dias, meses, anos, penetrando nas almas e influenciando o destino de uma vida inteira” (Albino Luciani, “Cem Pensamentos”, n. 45). Se nossas famílias rezam pelas vocações, rezam pelos sacerdotes e vivem em um ambiente cristão, muitas vocações sagradas surgirão.

Confiamos esta intenção a Maria Santíssima, Mãe de todos os sacerdotes.

 

R.P. Gonzalo Ruiz Freites, IVE

A oração nos sustenta

Os frutos sempre vêm

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